PURO INÓSPITO OU A TRANSCENDÊNCIA DOS OBJECTOS CORPÓREOS ARTLAB — TAPEÇARIA CONTEMPORÂNEA
12 DEZEMBRO > 30 JANEIRO 2020 I GALERIA DE EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS DO CASTELO DE PORTALEGRE
Inaugura no dia 12 de dezembro, às 17h00, na Galeria de Exposições Temporárias do Castelo de Portalegre, a exposição PURO INÓSPITO OU A TRANSCENDÊNCIA DOS OBJECTOS CORPÓREOS ARTLAB — TAPEÇARIA CONTEMPORÂNEA.
A exposição que se realiza na Galeria de Exposições Temporárias do Castelo de Portalegre reafirma a ligação estabelecida entre a unidade curricular de Tapeçaria da Licenciatura em Pintura da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, o Museu de Tapeçaria de Portalegre Guy Fino e a Câmara Municipal de Portalegre.
Esta exposição intitulada: «Puro Inóspito ou a Transcendência dos Objectos Corpóreos – ArtLab – Tapeçaria Contemporânea», procura introduzir-nos numa «territorialidade imagética» em que a convicção de que as coisas que fazem parte do mundo do pintor são a superfície do mundo visível, este fluxo incessante de transformações é observado, ensaiado de forma a permitir instaurar uma ordem artística (cosmos) que transcende o impacto da fascinação e pavor perante a natureza (Ernesto Grassi).
Os “objectos corpóreos” entendidos como tapeçarias contemporâneas, reconhecidas como «coisas» que podem ser vistas em fragmentos momentâneos de um mundo construído e partilhado por cada autor ao desvendar na materialidade da obra a sua presença imagética (visível) que se torna comunicação multidimensional. Esta mostra-se estrutura-se através de três grupos de «objectos corpóreos» que são identificados pela numeração romana de I, II e III. No “Objectos Corpóreos I”, encontram-se os artistas Alves Dias, Leonor Serpa Branco e Joedy Marins, representando a memória e o legado da Tapeçaria Contemporânea. No «Objectos Corpóreos II», existem os testemunhos artísticos dos professores da disciplina, no caso do Hugo Ferrão, manifesta nas obras a intencionalidade essencial dos materiais e matérias fundadores da Tapeçaria (linhas, tecidos, agulhas) que inventam corpos que aparentam emaranhados de tessituras, já a Susana Pires concebe obras motivadas pelo vestígio do toque revelador da sensualidade e sensorialidade de um corpo intuído. Por último no “Objectos Corpóreos III”, encontramos uma explosão de propostas, com enorme diversidade de criatividade por parte dos alunos selecionados que frequentam a unidade curricular de Tapeçaria: Ana Rita Esteves, Andreia Jesus, Ânia Pais, Aline Welmer, Daniela Landeiro, Joana Leão Alves, Joana Batista, Maria Inês Marcos, Maria Madeira, Maria Nascimento e Margarida Vinhais. A maioria das peças são respostas de enorme qualidade e actualidade, realizadas num contexto que por vezes é muito limitativo, com toda a generosidade que caracteriza a juventude, materializaram mundos em forma de objectos corpóreos poéticos de uma subtileza surpreendente (Andreia Jesus, Ânia Pais, Maria Inês Marcos e Margarida Vinhais) ou funcionalidades que suavizam a existência (Maria Madeira, Ana Rita Esteves e Joana Batista). Neste tempo magnífico em que fui professor de «criaturas mágicas» a quem chamei de alunos pelos seus nomes, fomos capazes de nos olhar nos olhos em busca de humanidade e conhecimento e por breves instantes, sentimos fazermos parte de uma comunidade de seres que desejam mediar a tragédia da vida através de «objectos corpóreos» capazes de despertar mais sentido perante o «puro inóspito» da vivência.
Hugo Ferrão
Regente da unidade curricular de Tapeçaria
Licenciatura em Pintura