NEW IDEAS in MEDALLIC SCULPTURE 2017-2018
29 NOVEMBRO > 28 DEZEMBRO I CAPELA BELAS-ARTES
Inaugura no dia 29 de novembro às 18h00, na Capela das Belas-Artes a exposição NEW IDEAS in MEDALLIC SCULPTURE 2017-2018.
Informamos que este evento poderá ser registado e posteriormente divulgado nos meios de comunicação da instituição através de fotografia e vídeo.
NEW IDEAS in MEDALLIC SCULPTURE 2017-2018 consiste num projeto de intercâmbio e cooperação entre instituições de ensino artístico, promovido pela New Approach, Inc. e pela Mediallia… Rack and Hamper Gallery (Nova Iorque, EUA). Esta parceria, que nos últimos vinte anos tem possibilitado a partilha de experiências, referências e pensamentos plásticos, bem como a construção de um reportório de distintas tendências da medalhística contemporânea, resulta nesta exposição que, em regime de itinerância pelos EUA, Japão e Portugal, se propõe apresentar as propostas que ao longo do último ano letivo foram idealizadas pelos alunos de Medalhística da FBAUL e da Daido University (Nagoya, Japão).
Pela sua diversidade técnica, formal, material e conceptual, importa clarificar aquilo que, grosso modo, denominamos de “escultura-medalhística”: entidade essencialmente mestiça, tão estranha quanto proliferante, fruto de enxertias diversas com uma predisposição para o contágio empático que, não só evidencia a particularidade de uma voluntária mistura e contaminação com outras áreas de ação, como pode até denunciar as principais patologias diagnosticadas à modernidade: a ausência de fundamentos normativos, a diluição de referências sólidas, a anomia.
Ao assumirmos a “escultura-medalhística” como a clivagem dos limites de um território de conhecimento para outro, supomos uma interdisciplinaridade que, nascendo da coordenação de duas disciplinas – a escultura e a medalhística –, passa à sua combinação e, desta, à sua fusão unificadora.
O modo como a escultura e a medalha convivem e colidem neste “casamento moderno”, demonstra-nos quanto a noção de “escultura-medalhística” define, acima de tudo, um campo de tensão, indeterminação e incerteza coincidente com o cenário aporético ou autotélico que caracteriza a produção artística contemporânea.
Ao passar a atuar para além das suas dimensões morfológica e funcional, a medalha contém atualmente pretensões difíceis de abarcar numa só definição, anunciando uma querela entre limitações e potencialidades que se propõe indagar sobre o que é oficial e oficioso no ofício.
A sua natureza não se deixa dilucidar facilmente e a sua prática só se compreende pelo seu próprio exercício, não raras vezes, concertado com ações quase automáticas que evidenciam o gesto não intencional, a execução não planificada, uma manualidade brutalista vinculada a ânsias de materialização, a tensões e pulsões formativas saídas de jato, a fundos alucinatórios que insuflam de realidade o que não pode ser real.
“O que é isto?”, tornou-se a questão mais assídua perante o universo esquizoide que caracteriza a medalhística contemporânea: uma intrincada selva de seres liliputianos, freak show testamentário do “prá-frentismo” característico da inquietação moderna, onde cada obra traça um mapa de fronteiras imprecisas, baseado num modelo de devirconvulso e instável que introduz, pela sua exuberância, impurezas que os anteriores modelos haviam sido concebidos para esconjurar.
Superando a monótona cristalização que lhe anularia os melhores impulsos formativos ou ignorando deliberadamente os princípios imutáveis que definiam a sua natureza consueta, o fazer medalhístico passou a guiar-se pela indeterminação e pela contingência, ensaiando zonas intersticiais de exploração: mais que resultado, torna-se processo e ferramenta do pensamento escultórico.
Por definição, ou por necessidade de diferenciação em relação aos restantes objetos artísticos de pequena dimensão, a medalhística procurou delimitar o seu campo de ação de forma a proteger a sua especificidade, reivindicando autonomia em relação à escultura. A prática contemporânea, nomeadamente aquela potenciada pelo ensino artístico, acabará por abalar as fundações dessa ambicionada autonomia colocando questões nem sempre fáceis de solucionar, mas que encontram resposta, ironicamente, na filiação escultórica. As formas de cooperação entre os dois territórios podem ser efémeras, mas na maioria dos casos transformam-se em rotinas e dão origem a padrões de atividade coletiva, como é o caso do NEW IDEAS.
No ano em que se comemoram os vinte anos deste projeto, importa relembrar as sucessivas linhagens de alunos que, herdeiros do advento daquela geração inquieta de 1998, se mantiveram em sintonia com esta efervescência compulsiva que as matérias e as formas potenciam, ensaiando e engendrando com o mesmo entusiasmo, novas gírias, novas inquietações, novos estímulos, novas narrativas hápticas.
Andreia Pereira
Participantes PT
ANTÓNIO ROSÁRIO, BEATRIZ BRONZE, BEATRIZ MÓNICA, CATARINA GUERRA, CATARINA MENDES, DIOGO CASTELÃO SOUSA, INÊS BARROS, INÊS FREITAS, JOÃO BERNARDO SANTOS, LAURA DAVID BOSNE, MAFALDA THEIAS, MANUEL VELASQUES ORNELAS, MARIA FRANCISCA CARAMELO, RITA POEIRA RITA VIDIGAL
Participantes JP
ERI SENSHIKI, KAZUSHI OTAKE, KAZUYA YAMAMOTO, KOSEI HIBINO, KOUTA MATSUKUBO, KOUTA SUGANUMA, MASATAKA BANNNO, SAYA NAGAYOSHI, SHINGO SAKAIDANI, SHOGO SUZUKI, TAKERU KONDO, TAKUMI ANDO, YAYOI YOKOYAMA, YUKA FUKUSHIMA