inside / outside: finalistas escultura belas-artes ulisboa
24 OUTUBRO > 29 NOVEMBRO I JARDINS E PALÁCIO MARQUÊS DE POMBAL, OEIRAS
inside / outside - VER VÍDEO DA C. M. OEIRAS
No dia 24 de Outubro, pelas 14H30, a Câmara Municipal de Oeiras e Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa inauguram, no Palácio Marquês de Pombal e Jardim, em Oeiras, uma exposição de trabalhos dos alunos finalistas do Curso de Escultura (2014-2015)especialmente pensados para aquele (s) lugar (s). A mostra que decorre até 29 de Novembro, apresenta um carácter eclético, como a diversidade dos autores e é composta por um conjunto de obras desenvolvidas em diferentes suportes e tendências, ao longo de dois semestres; entre Setembro e Janeiro o trabalho foi, especificamente, orientado para o diálogo com o espaço interior; entre Fevereiro e Junho, o desafio foi o de pensar a escultura de forma integrada com o espaço exterior.
Ao aceitar-se o repto para se desenvolverem projectos de natureza escultórica, integrados em espaço urbano interior e exterior, estabeleceu-se, por essa via, o contacto com dificuldades reais, próprias da experiência concreta, que resultaram em reforço de aptidões artísticas, técnicas e científicas, adequadas ao contexto da escultura contemporânea em diálogo com o lugar.
De assinalar o mérito da parceria que permitiu o estimulo real ao aparecimento de obras que de outro modo não poderiam ser concretizadas.
Concluída a tarefa, os jovens escultores convidam-nos a percorrer a exposição; a presença dos visitantes é o melhor modo de homenagear o talento, o trabalho e a dedicação patentes nessas obras.
Horário : 3ª a dom.: das 10h às 18h
Informações : Palácio Marquês de Pomba
Loja/recepção 214430799
Inside / Outside
A organização da exposição de finalistas, no final de cada ano lectivo, tornou-se, há décadas, um evento ou, ritual, indispensável, que assinala, de forma significativa, o fim de uma etapa na vida dos estudantes – a conclusão da licenciatura – (para a grande maioria o fim dos estudos) e o início de uma nova fase – a libertação da tutela parental e académica e a integração no mundo laboral.
Com a implementação do processo Bolonha, que resultou no encurtamento da Licenciatura, primeiro para quatro e, finalmente, para três anos (2008-2009), muita coisa mudou, entretanto, no ensino artístico. Embora o tempo dos cursos se tenha abreviado, a verdade é que houve, não só, um reajustamento programático, na passagem do regime anual de cinco anos para o triénio de seis semestres, mas também, se assistiu ao prolongamento da escolaridade, com mais gente a frequentar estudos pós-graduados, os 2º e 3º ciclos (Mestrado e Doutoramento).
As mudanças ocorridas nas últimas décadas são visíveis, tanto no plano estrutural dos cursos, como acima se refere, quanto nos comportamentos e procedimentos.
No âmbito dos comportamentos recordo, por exemplo, que a organização da exposição de finalistas era da exclusiva responsabilidade dos estudantes em colaboração com a associação, actividade que, na sequência da implementação do processo Bolonha, passou a ser, implicitamente, integrada no plano curricular do último semestre.
Esta mudança, embora significativa, processou-se de forma subtil, fruto, por um lado, da ânsia de se romper com o constrangimento espacial do Convento de São Francisco (o aumento do número de cursos e respectivo rácio de alunos, a que se junta o intercâmbio de estudantes internacionais do programa Erasmus, contribuíram, sintomaticamente, para fazer diminuir o espaço vital de cada um) e, por outro lado, da necessidade de abertura da escola ao exterior, que determinou o imperativo da descoberta de novos parceiros para o desenvolvimento de projectos integrados.
Quanto aos procedimentos deve referir-se que, embora, as reformas curriculares do ensino artístico sejam lentas e por vezes pareçam desfasadas do espírito da época, a verdade é que os programas, sem abdicarem do espírito da investigação, tendem a adaptar-se às expectativas da realidade hodierna.
Contextualizando, é neste cenário que se integra a actual exposição de finalistas, que merece uma ressalva especial, fruto do actual protocolo com a Câmara de Oeiras, porque permitiu programar dois semestres de trabalho para o Palácio e Jardim do Marquês de Pombal.
“Inside / Outside” sintetiza o desafio lançado pelas Unidades Curriculares de Escultura V e VI, para o desenvolvimento de propostas escultóricas, subordinadas ao contexto do espaço e lugar, interior / exterior, no decurso do primeiro e segundo semestre de 2014-2015.
As obras que terão oportunidade de ver inserem-se num espírito contemporâneo e adoptam diferentes meios e suportes em consonância com o território poético de cada um.
Embora o referente tenha sido o mesmo para todos os intervenientes, é interessante verificar como cada um focou a sua pesquisa num motivo de interesse (como por exemplo: a heráldica do palácio; trajes, usos e costumes da época; decoração interior – estuques – azulejos – mitos e outros motivos iconográficos; princípios arquitectónicos e urbanísticos da época barroca e pombalina; hidráulica da quinta; ideias e episódios da vida do Marquês; releituras da forma e do espaço à luz das neo-vanguardas internacionais) para, a partir daí, desenvolver o seu trabalho.
Para dar corpo às intervenções, os jovens artistas utilizaram processos tão diversos quanto a modelação, moldagem, fundição, construção ou assemblage, Instalação, apropriação, fotografia, filmagem, e valeram-se de um conjunto tão variado de materiais como o barro, gesso, faiança, cimento, madeira, cartão, sisal, vime, aço, alumínio, acrílico, pvc (policloreto de vinil), policarbonato, poliuretano, e das respectivas tecnologias para materializarem os seus projectos .
Ao aceitar-se o repto de se desenvolverem projectos de natureza escultórica, integrados em espaço urbano interior e exterior, estabeleceu-se, por essa via, o contacto com dificuldades reais, próprias da experiência concreta, que resultaram em reforço de aptidões artísticas, técnicas e científicas, adequadas ao contexto da escultura contemporânea, em diálogo com o lugar.
De assinalar o mérito da parceria que permitiu o estimulo real ao aparecimento de obras que de outro modo não poderiam ser concretizadas.
Concluída a tarefa, os jovens escultores convidam-nos a percorrer a exposição. A presença dos visitantes é o melhor modo de homenagear o talento, o trabalho e a dedicação patentes nessas obras.
Professor José S. Teixeira