Design, Autarquia e Autonomia
20 fevereiro > 11h00 i auditório lagoa henriques i entrada livre
Design, Autarquia e Autonomia
Por motivos de força maior a conferência A autarquia italiana em relação à crise ambiental contemporânea da investigadora Federica dal Falco foi cancelada
20.02.2020, 11h-13h15
Auditório Lagoa Henriques, Faculdade de Belas-Artes, Universidade de Lisboa
Nos nossos tempos de quarta revolução industrial, emergência climática e crise das democracias, urge aprender não só com os erros mas sobretudo com os exemplos do passado. Nesta sessão única, Ethel Leon falará da procura de Gui Bonsiepe por uma autonomia projectual no contexto do governo revolucionário chileno dos anos 1970 e do auge desenvolvimentista brasileiro dos anos 1980. Após a palestra, esta reconhecida investigadora em design conversará sobre como os tempos, regimes e geografias muito diversas que pesquisa podem informar e inspirar a prática, mas também a história, o ensino e o discurso contemporâneos do design.
11h00-11h05
Apresentação por Raul Cunca e Frederico Duarte
11h05-11h50
Gui Bonsiepe, pensamento e prática
Ethel Leon
Gui Bonsiepe é um dos teóricos do design mais importantes do século XX. A sua noção de interface como ponto nodal do design antecede em muito a perspectiva contemporânea de que o projeto não realiza ‘coisas’, mas relações. Esta palestra visa repassar a formação e os conceitos fundamentais da obra teórica do designer alemão, além de apresentar a sua atuação na América Latina, menos conhecida do público especializado, onde ele participou de modo central em programas importantes de design a partir da esfera pública, nomeadamente no Chile e no Brasil.
Entre 1970 e 1973 Bonsiepe coordenou em Santiago do Chile a equipa de designers do projeto Cybersyn, idealizado por Stafford Beer para o governo de Salvador Allende e considerado hoje uma poderosa iniciativa de design de interfaces em gestão pública. Em 1983 implantou na cidade brasileira de Florianópolis o Laboratório de Design de Produtos, em consonância com o curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina. Mais tarde, este Laboratório seria renomeado Laboratório Brasileiro de Desenho Industrial, iniciativa que transformou o ensino e a consultoria em design para pequenas e médias empresas.
Com livros publicados em vários idiomas, Gui Bonsiepe recebeu títulos de doutoramento honoris causa em diversas Universidades, incluindo a Universidade de Lisboa em 2018. O seu pensamento é divulgado em boa parte do mundo, tendo recentemente ganho evidência a sua polémica com o designer austríaco Victor Papanek em torno da questão da autonomia projetual da periferia. A prática de Bonsiepe como designer, expressa nos projectos de objectos e interfaces realizados no Chile na década de 1970 e no Brasil na década de 1980, é todavia menos conhecida e merece ser estudada precisamente enquanto resposta a uma procura de autonomia projetual da periferia.
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12h00-12h45
Conversa moderada por Raul Cunca e Frederico Duarte
Ethel Leon é doutora pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo. Foi editora da revista eletrônica de design Agitprop (2008-2015). É autora dos livros Design Brasileiro quem fez quem faz (SENAC RJ, 2005 João Baptista da Costa Aguiar, Desenho Gráfico (SENAC SP, 2008). É co-autora, com Marcello Montore do capítulo ‘Brasil’ do livro Historia del Diseño en América Latina y el Caribe, editado por Gui Bonsiepe e Silvia Fernández (Blucher, 2008); Memórias do Design Brasileiro, (SENAC SP, 2009); IAC, primeira escola de design do Brasil (Blucher, 2014), Canasvieiras, um laboratório para o design brasileiro (UDESC/FAPESC, 2015), organizadora e coautora do livro Michel Arnoult, design e utopia (Sesc, contemplado com o Projeto Rumos Itaú Cultural, 2016) e coautora do livro Marcenaria Baraúna (Olhares, 2017). Sua tese de doutorado e os livros IAC, Michel Arnoult e Marcenaria Baraúna foram premiados no Prêmio Design Museu da Casa Brasileira. Foi curadora de algumas exposições, entre as quais “Singular & Plural”, 50 anos de design brasileiro”, inaugurada com a abertura do Instituto Tomie Ohtake em São Paulo.