Paisagens da Liberdade. Da Ucrânia a Lisboa.
13 > 28 JULHO 2023 I GALERIA FBAUL
Inaugura no dia 13 de julho, na Galeria da Faculdade de Belas-Artes a exposição Paisagens da Liberdade. Da Ucrânia a Lisboa., com obras de Bohdan Brynskyi e António Trindade. A exposição ficará patente até 28 de julho.
Este evento é passível de ser fotografado e filmado e posteriormente divulgado publicamente.
Horário: 2ª a sábado entre as 11h00 e as 19h00.
A ideia da presente exposição Paisagens da Liberdade. Da Ucrânia a Lisboa, surgiu pela amizade de longa data dos autores, artistas plásticos e professores universitários, um deles já aposentado, com o Slavick, Yaroslav Shevchyshyn, de há muito radicado em Portugal, e também e sobretudo pelo atual contexto da guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Com o objetivo de angariar fundos de ajuda ao povo ucraniano e de dar a conhecer a obra artística de um dos grandes artistas ucranianos da atualidade, Bohdan Brynskyi, realiza-se a presente exposição nesta magnífica galeria de Lisboa. A pintura e o trabalho deste artista ucraniano são bastante versáteis, que percorre a figuração e a abstração. Para a presente mostra seleccionámos uma série de trabalhos centrados na paisagem ucraniana, de forte recorte simbólico, mostrando regiões rurais da Ucrânia longe das cidades. Bohdan captou muito bem a natureza destes enquadramentos por ele selecionados e se os temas por ele escolhidos e apresentados aqui possam hoje parecer um pouco tradicionais, a sua representação é, pelo contrário, bastante plástica, expressiva e atual, onde nos cenários apresentados há momentos de forte abstração do referente da paisagem e da natureza. As paisagens de Bohdan Brynskyi não se limitam a captar a realidade visual que surge ao olhar do espetador. Pelo contrário, a partir dessa realidade visual de enquadramentos que o autor seleciona, surgem paisagens de grande força e robustez plástica, numa pintura bastante matérica, realizada com fortes empastamentos de tinta e onde os toques de luminosidade, da luz, da cor e dos contrastes claro escuro são muito bem tratados e muito expressivos. Olhando para estes trabalhos de Bohdan Brynskyi, surge a memória da corrente impressionista e expressionista da história da arte ocidental, das fortes pinceladas de um Van Gogh, por exemplo, mas também surge a memória do tratamento pictórico tão evidenciado pelos expressionistas, mesmo os não figurativos. A luz, a cor, a matéria e a força destes trabalhos, com toques subtis de pincel com cor e luz levam-nos também a Sorolla, e até mesmo a Lucien Freud, embora os referentes aqui sejam outros, ou seja, a magnífica paisagem rural ucraniana que mostra essa abertura telúrica onde a natureza parece ser superior ao próprio homem que a habita.
Por seu lado, António Trindade, também representado na exposição, intervém com uma obra simbólica com o título “O Copo”/” The Glass”, que mostra uma forte carga simbólica que é enfatizada também pelas cores da bandeira da Ucrânia visíveis na pintura: do amarelo da indumentária de uma figura, ao azul profundo das águas que a cercam e a sustêm. Visualizamos uma figura feminina celebrando em liberdade, ou em plena liberdade, boiando sobre águas seguras de uma piscina, como se a guerra já tivesse terminado, numa pose de sustento de um copo, pose essa quase ou de facto impossível.
Em síntese, estas paisagens e cenários propostos, são signos que funcionam como janelas e sinais de liberdade, que no fundo é o que desejamos ao povo ucraniano, o de conseguir libertar-se da tutela e da agressão dos seus homólogos vizinhos.
António Trindade, Lisboa, 21 de Junho de 2023.
Sobre Bohdan Brynskyi
Nasceu a 16 de outubro de 1960 na aldeia de Dolyna, região de Ivano-Frankivsk. Em 1988 formou-se na Faculdade de Artes do Instituto Pedagógico de Ivano-Frankivsk. Desde 1989 que expõe e participa em plenários na Ucrânia e no estrangeiro. Em 1993 recebeu o diploma da bienal internacional “Impreza”. Ganhou também o prémio Shevchenko Opanas Zalyvakha.
As obras de Bogdan Brynskyi estão guardadas no Museu de Artes de Ivano-Frankivsk, no Museu Nacional de Lviv, no Museu Nacional Taras Shevchenko, em Kyiv, assim como em coleções privadas dentro e fora da Ucrânia, como no Canadá e nos EUA. Neste momento vive e trabalha em Ivano-Frankivsk.
A sua pintura é versátil em termos temáticos e em termos de humor, variando da paisagem lírica a motivos urbanos e abstratos. O artista é membro do grupo NaSim, que faz parte da irmandade de Ivano-Frankivsk.
Foi Professor Associado numa Faculdade da Ucrânia e está de momento reformado do ensino.
Sobre António Trindade
Nasceu a 23 de abril de 1967. É Professor Auxiliar com Agregação na Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas-Artes. Paralelamente exerce também a atividade de Artista Plástico. Atua na área de Geometria, pertencente ao Departamento de Desenho, tendo como focos de interesse as Geometrias da Representação e Belas Artes. Doutoramento em 2008 com a tese “Um Olhar sobre a Perspectiva Linear em Portugal nas pinturas de cavalete, tectos e abóbadas:1470-1816″. Mestrado em 2002 com a tese “A Arquitectura Maneirista em Portugal. Da Capela-Panteão de Santa Maria de Belém ao Real Mosteiro de São Vicente de Fora”. Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica em 2000, na área da Geometria Descritiva, com o título “Luz e Sombras nas Superfícies Regradas Planificáveis, Cónica e Cilíndrica, e nas Superfícies não Regradas, Superfície Esférica. Em 2015 publicou o livro “A Pintura integrada em Tectos e Abóbadas e a Perspectiva Linear”, apresentado pelo Professor Catedrático Doutor Vitor Murtinho, do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, na Academia Nacional de Belas Artes de Lisboa, com posfácio da Professora Associada Doutora Cristina de Azevedo Tavares, com com edição do CIEBA e da FBAUL e distribuição da Príncipia Editora. Publicou também até ao presente 2 Livros, 3 capítulos de livro e 21 artigos científicos, tendo outros artigos no prelo, incidindo todos em temas centrados na Geometria, na Perspectiva Linear e sua relação com as Artes Plásticas e Visuais. Escreveu 14 textos das suas 20 exposições individuais até agora realizadas, publicados em catálogos editados pela Galeria Arte Periférica, sediada em Lisboa, pela Galeria Sete, sediada em Coimbra, e em sites de Galerias e Museus. Realizou 20 Exposições Individuais, representado pela GALERIA ARTE PERIFÉRICA em Lisboa, antigamente também pela GALERIA SALA MAIOR no Porto e mais recentemente é também representado pela GALERIA SETE em Coimbra. Participou em outras 55 Exposições Colectivas, onde se destacam as presenças nas feiras de Arte Contemporânea, como na FAC-LISBOA, três vezes na ARCO-MADRID, 1995, 1996 e 2004, e em 2017 na ART-MADRID, representado em todas pela GALERIA ARTE PERIFÉRICA. Tem obras em colecções como a Telecel-Lisboa, Frubaça-Alcobaça, em Portugal e no estrangeiro, como na Fundação Luciano Benetton e na Quinta das Lágrimas em Coimbra. Realizou trabalhos artísticos para as empresas da Telecel, Frubaça e para o novo Centro Pedagógico de Faro, Complexo Campos da Penha. É citado e referido em trabalhos académicos como referência bibliográfica e é referido em publicações artísticas, algumas já extintas, como nas Revistas Magazine Artes, Arte e Leilões, L+Arte, Arte y Parte, bem como em catálogos das referidas feiras de Arte Contemporânea, com textos de escritores e críticos como Valter Hugo Mãe, Sandra Vieira JÜrgens ou da curadora Filipa Oliveira.