lançamento do livro “jorge pinheiro a quietude das imagens perdidas” de carlos vidal
25 OUTUBRO > 15H30 I CAPELA BELAS-ARTES
No dia 25 de outubro, dia das Belas-Artes, às 15h30, realiza-se na Capela da Faculdade de Belas-Artes, o lançamento do livro Jorge Pinheiro a Quietude das Imagens Perdidas de Carlos Vidal, com apresentação de Isabel Sabino, Pedro Cabrita Reis e José Carlos Pereira.
Este evento é passível de ser fotografado e filmado e posteriormente divulgado publicamente.
Desenha-se neste trabalho a trajectória de Jorge Pinheiro, desde o silêncio vergado (como o das personagens de Raúl Brandão) das suas figuras dos primeiros tempos, no início dos anos 60 (curso terminado na ESBAP em 1963), ainda desde a pertença ao grupo “Os Quatro Vintes” (referência à classificação escolar), com Armando Alves, José Rodrigues e Ângelo de Sousa – colectivo que realiza exposições entre 1968 e 1971 – desde esses tempos até à figuração mais recente, inaugurada emblematicamente na tela “Porquê ?” (1991), onde a questionação se alarga dos problemas estruturais do quadro à sua razão de ser, como sendo a razão de ser da própria pintura, origem, significação e forma da sua expressão. Trajecto que nos diz, de certo modo, que gasta toda a forma de figuração (sociológica e classicizante), resta ao autor o beco sem saída da forma estrutural mínima, o ponto e a linha, embrenhados numa harmonia neopitagórica, em que ponto e linha parecem tornar-se formas outras de um inexplicável readymade. Ora, este encontro entre Pitágoras e o readymade é decisivo, pois é o encontro entre a sacralidade que é “mecânica” (da ordem da regra, do cânone e da multiplicação controlada) e o conceptualismo no sentido mais amplo, isto é, num sentido que pugna pelo seu desenvolvimento e não pelo “fim da arte” (no seu conceito). Olhando para o velório dos anos 60, para a figuração do prisioneiro de Abu Grahib, para a mulher palestiniana ou para a representação de Bernarda Alba, parece-nos ver nesta arte da figura uma dimensão negativa da vida ou do mundo, a que o autor responde tratar-se apenas da sua dimensão existencial (heideggeriana). Já a abstracção, aqui, parece tratar de uma imagem aparentemente neutral. A linguística de Saussurre é dual, entre o significado e o significante, que Hjelmslev traduz por conteúdo e expressão. Se ambos possuem “forma” e “substância”, a “forma da expressão”, aqui e isoladamente, seriam a redução significacional absoluta: no fundo, sem forma nem substância. Ponto e linha esgotando a composição, como a montagem interminável esgota a figuração. Mas este esgotamento é interminável de hipóteses, como pode ser interminável esta obra no seu desenvolvimento.
Carlos Vidal
SOBRE CARLOS VIDAL: Artista, crítico de arte e professor Associado na FBAUL, onde lecciona Unidades Curriculares de todos os níveis de ensino na área da Pintura. Como artista plástico tem estado presente em mostras decisivas como “Imagens para os Anos 90” (Museu de Serralves, onde se encontra representado), entre outras individuais e colectivas. Autor de mais de uma dezena de livros (com estudos sobre Caravaggio e Alain Badiou, traduzidos), capítulos de trabalhos colectivos e seminários (Brasil, República Popular da China, etc.). É investigador do CIAC e colaborador do CIEBA. Membro da Academia Nacional de Belas-Artes.