livro “> gabinetes” de maria joão gamito e pedro saraiva
O livro “> gabinetes” de Maria João Gamito e Pedro Saraiva, da Editora Documenta, já está disponível nas livrarias.
> gabinetes foi o título da exposição com que Pedro Saraiva concluiu o projecto homónimo, iniciado em 2008 com o gabinete > linares. Manuel dos Prazeres Dias Linares (1898- 1968), António Maria Codina (1896-1954), Manuel Celestino Alves, o ‘Dr. Cambedo’, (1912-1990), Alberto Maria de Oliveira Bárcea (1908-1978), Maiga Musad (1952- 2017), Cristina Rosa Agostinho, dita a ‘Linfa’, (1912-1973), Francisco José Martins, mais conhecido por ‘Panero’, (1895-1955), António Rodrigues Carrera (1900-1948), João Gregório (1884-1964) e Pedro Saraiva (1952-) foram o álibi das obras e os nomes que, através de fragmentárias biografias, consubstanciaram os espólios, em cada exposição dados a ver sob a designação do gabinete que os identificou.
> gabinetes é também o título do livro que se oferece como abertura à possibilidade de uma dupla infinitude: a que decorre da ilimitada conveniência do mundo e a que — de natureza mais operativa — delega na pluralidade dos olhares e das leituras um regime próprio de consulta, sediado na neutralidade da ordenação alfabética em que os dicionários e as enciclopédias encerram a totalidade do que se conhece e a sua representação. É essa neutralidade que, de A a Z, orienta neste livro a chegada das palavras e das imagens. Cada palavra — que desse modo funciona como uma entrada — remete para outras palavras, pulverizando-se na hipertextualidade em que repousa a cumplicidade dos objectos e das obras no seu comprometimento com os autores e com os diversos espaços expositivos em que uns e outros fizeram a sua aparição. Também por isso, e porque não faz sentido sujeitar as coisas ao arbítrio da escala que supõe a definição de uma hierarquia, mesmo que sob a forma mais afectiva de uma preferência, todas as imagens — com excepção dos cadernos e das exposições — são reproduzidas à escala 1:10, o que faz do livro o contentor que, contido entre as fotografias da última exposição — > gabinetes —, espacializa o que continua a ver-se sob a lógica formal do modelo reduzido.
Maria João Gamito