Atlas. Relato visual de una metodologia artística
21 > 29 AGOSTO I GALERIA
Inaugura no dia 21 de agosto, às 18h00, na Galeria da Faculdade de Belas-Artes a exposição “Atlas. Relato visual de una metodologia artística“, resultante do trabalho de 4 artistas da Facultad de Bellas Artes de la Universidad de Salamanca: Mikha-ez, Umasensio, Concha Sáez e Javier Ayuso.
Coordenação e curadoria
João Castro Silva
horário |schedule
2ª a sáb › 11h–19h
monday to saturday › 11am to 7pm
Este evento é passível de ser registado e posteriormente divulgado nos meios de comunicação da instituição através de fotografia e vídeo.
El presente proyecto muestra una metodología artística llevada a cabo en la asignatura de Idea, concepto y proceso en la creación artística I en la Facultad de Bellas Artes de la Universidad de Salamanca.
En ella, los artistas Concha Sáez, Umasensio, Mikha-ez y Javier Ayuso participan con distintas obras que ponen en contexto con otros creadores, estímulos audiovisuales o literarios a través de cartografías, que sirven a los estudiantes para establecer relaciones formales o conceptuales entre diferentes referentes.
De este modo, Atlas. Relato visual de una metodología artística, se conforma de cinco obras, documentadas fotográficamente –dos fotografías por obra– y una cartografía por cada obra que la vincula con otros agentes. Con esta suerte de ensayo visual se modifica el modo de concebir las relaciones de las obras entre sí, favoreciendo la compresión del trabajo de estos artistas desde un punto de vista transversal y no estandarizado del mundo.
Escultura e Pensamento
A Escultura é um processo de realização formal tridimensional que se baseia em representações conceptuais ligadas directamente a uma expressão interiorizada de sentimentos, reflexões ou encadeamentos de ideias. Ideias são as formas ou princípios originários da realidade observável e vivenciada e o Desenho a expressão mais viva dessa interioridade não formal, efémera, princípio essencial de materialização, origem de um processo que se revê finalmente numa matéria perene.
A Ideia[1] consiste numa pura forma, prévia à sua materialização em objecto, e pode ser considerada como a mais-valia individual que o autor projecta na obra final. O Desenho é o alicerce da obra final, a sua alma, pois a ele se encontra constitutivamente ligada a Ideia.
A Ideia é o turbilhão que desencadeia uma infinitude de processos, imagens e formas, novas maneiras de fazer e de pensar. Desenhar é equivalente a pensar[2], desenha-se com a mesma intenção com que se escreve, o Desenho é definidor de uma ideia, o meio de dar forma a um pensamento.
A Ideia cria novos objectos a partir de uma realidade natural que se reconhece como inicial e se torna reconhecida na obra final. Desenhar é, ao fim e ao cabo, pensar com a matéria e com a imaterialidade do pensamento, e o Desenho não é mais do que a superfície visível das aparências interiores que se inventam.
A obra de Arte reside previamente na alma humana, há uma forma interior, individual e idealizada, e várias formas exteriores que são utilizadas como fundamentos da imitação da Ideia. Entre Desenho e Ideia a fronteira é ténue, uma resolve-se na medida da outra, é através do traço que se encontra, a um tempo, a Ideia e o Desenho daquilo que se quer fazer.
Como expressão de uma Ideia, o Desenho não representa nunca aquilo que o olhar vê. O Desenho representa aquilo que se pensou[3], irremediavelmente idealiza o que se olha. A Ideia que fazemos da realidade é sempre uma forma depurada dessa mesma realidade, tem origem na natureza mas supera-a, essa é a mais-valia da Arte. Representa-se aquilo que se pensa a partir daquilo que se viu, viveu. A Ideia deriva da intuição que fazemos da natureza, é o resultado de uma experiência empírica. Originada na natureza, a Arte supera a sua origem e constitui-se como o próprio original.
Na Escultura como no Desenho as relações entre a prática e a teoria revelam-se como aspectos de uma única e idêntica actividade, cuja intenção, destino e produção é inseparável de uma demanda, sempre inacabada e constantemente retomada. O encontro da teoria com a Escultura é uma reflexão que assegura a própria forma e expressão de um exercício que se vai construindo na medida da sua invenção. Escultura é a teoria e a especulação juntas, que existem por referência a uma multiplicidade homogénea de objectos, de procedimentos e de técnicas. E se a Escultura se identifica e corporiza em objectos, é porque a sua natureza não é absolutamente conceptual, mas também visibilidade objectiva. Escultura é conjectura e destino, modos de pensar, de ver e de fazer.
João Castro Silva
Professor Auxiliar Escultor
[1] “A ideia é o espaço inaugural, espaço suplementar e excedentário, necessariamente «vazio», que desencadeia a (in)finitude de novos processos e imagens, de novas maneiras de fazer e de pensar.” (SILVA, Vítor Manuel Oliveira da, Ética e Política do Desenho, 2004, p. 174).
[2] “Dibujar es arañar tejiendo una red que atrapa las ideas; es iluminar ciñendo las formas con sombras; es resolver y ordenar una batalla de energías hasta hacer visible el pensamiento; y es, en definitiva, depositar ilusión sobre una superfície…” (BORDES, Juan, História História de las teorias de la figura humana. El dibujo, la anatomia, la proporción, la fisiogonomia, 2003, p. 18).
[3] “As obras, diz o nosso Vieira, são filhas dos pensamentos, no pensamento se concebem, do pensamento nascem, com o pensamento se crião, se augmentão, e se aperfeiçoão: e como os filhos recebem dos pais a natureza, o sangue e o appelido, assim se recebe do pensamento todo o bem e louvavel que resplandece nas obras” (RODRIGUES, Francisco de Assis, Na sessão publica triennal e distribuição de prémios da Academia das Bellas- Artes de Lisboa, 1856, p. 6).
Bibliografia
- BORDES, Juan, História de las teorias de la figura humana. El dibujo, la anatomia, la proporción, la fisiogonomia, Cátedra, Madrid, 2003.
- RODRIGUES, Francisco de Assis, Discurso pronunciado por Francisco de Assis Rodrigues na sessão pública trienal da Academia de Belas- Artes de Lisboa, Lisboa, 25 de Outubro de 1856.
- SILVA, Vítor Manuel Oliveira da, Ética e Política do Desenho, teoria e prática do desenho na arte do século XVII, FBAUP, Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, Porto, 2004.