Diário de Viagem Costa do Marfim distinguido com o Prémio Coup de Coeur
DIÁRIO DE VIAGEM – COSTA DO MARFIM DISTINGUIDO COM O PRÉMIO COUP DE COEUR
O livro “Diário de Viagem – COSTA DO MARFIM” de Mário Linhares, ex-aluno da FBAUL, e Ketta Cabral Linhares, foi distinguido com o prémio “Coup de Cœur” na categoria “Carnet de voyage international“, que distingue o melhor diário de viagem editado fora de França.
Aconteceu no Festival “Rendez vous du carnet de voyage”, o principal festival de diários de viagem do mundo, realizado em Clermont-Ferrand, França.
Entrevista com os autores AQUI.
Este livro foi apresentado pelos autores, na Faculdade de Belas-Artes no dia 27 de Junho, às 18h30, no Grande Auditório e será apresentado novamente em Loulé nos dias 29 e 30 de Novembro e depois na Biblioteca Pública de Évora, no dia 3 de Dezembro.
“A viagem à Costa do Marfim acontece na consequência de dezasseis anos de trabalho conjunto com os Missionários da Consolata. A ideia da missão e dos missionários era, antes disso, uma coisa fugaz e cheia de ideias prévias. Foi duro descobrir a utilidade do desenho em territórios tão longínquos. Mais fácil foi entender o que os missionários fazia, nestas aldeias onde o tempo parece não passar. Assim, ir a uma qualquer missão da Consoloata é sempre uma viagem ao desconhecido e ao encontro com uma verdade autêntica. Nunca é turismo a locais históricos, mas a possibilidade de nos encontrarmos verdadeiramente com as pessoas. Marandallah é o nome da aldeia onde desenhámos durante quase um mês e a questão que resume tudo é o tempo., Há que tê-lo para conseguirmos fazer qualquer coisa. Contudo, como sempre, queremo-lo tanto que o compraríamos se pudéssemos, mesmo sabendo que é uma dádiva tão humilde e generosa que desafia a nossa sabedoria no modo como o usamos. O desenho tem-nos ensinado como o tempo é precioso. Não vale a pena correr contra, mas deixarmo-nos adentrar e perder nele, apreciando a aparente pausa a enriquecer o olhar.
Esta viagem vem no tempo certo. Aquele em que o desenho nos exige uma pausa. Saber parar para desenhar. Saber escolher o que desenhar e, mais importante que tudo, deixar que o desenho possa ser contaminado pela novidade de uma realidade tão diferente e entusiasmante, exigindo, por isso mesmo, um olhar renovado, depois de ideias velhas, à procura de crescer com o ancestral e o contemporâneo.
Nunca se passaria tanto tempo a conversar com uma pessoa desconhecida do interior remoto da Costa do Marfim se não fosse pelo desenho. Este é, definitivamente, um novo modo de relação com as pessoas, de as conhecermos melhor e nos sentirmos próximos. Há um sentimento muito forte que nos assalta em aldeias tão distantes como esta: “Eu podia ter nascido aqui. Este também é o meu mundo.”
Desenhar na África Negra é, inevitavelmente, um encontro com a essência do ser humano, com o estado mais puro e desprendido que alguma vez conseguimos ter. É a sensação de marcar a história pessoal com as palavras que estão por inventar.”
Mário e Ketta