Critical Mass Critical Mess
27 ABRIL 2023 > 17h00 | AUDITÓRIO LAGOA HENRIQUES
Massa crítica, na física nuclear, é a quantidade mínima necessária para manter uma reação nuclear em cadeia. Extrapolando o conceito científico para as dinâmicas sociais, refere-se ao ponto em que se alcança um estado autossustentável, onde a mentalidade de um grupo em relação a um determinado assunto permite assegurar uma determinada ação, relação ou comportamento. Termo pouco tangível, usado quase sempre por defeito ou intuitivamente em discursos corporativos e académicos, normalmente indica um estado que se quer alcançar ou que já se alcançou e que representa um valor acrescentado.
Com uma mínima variação ao tema, em Critical Mass Critical Mess, pedimos emprestado este termo para aludir à turbulenta narrativa de viragem crítica na prática do design. Entre mantra e lengalenga, Critical Mass Critical Mess sinaliza uma disciplina em estado (desejavelmente) crítico, entre a autonomia e um estado de hesitação, de incerteza, de cepticismo. Procuraremos contestar as garantias da crítica como lugar de privilégio, enquanto tomamos consciência da agenda do design crítico ou do design como prática crítica. Mediremos a força: do design que tudo quer ao design que nada pode.
Critical Mass Critical Mess inicia-se no Dia Mundial do Design Gráfico, a 27 de abril, com uma palestra, por Silvio Lorusso e com um workshop ministrado por Afonso de Matos.
Organização:
Departamento de Design de Comunicação,
Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa
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Kritikaoke: Criticality as the New Distinction
Palestra por Silvio Lorusso
https://silviolorusso.com
Auditório Lagoa Henriques, 17h
Crítico, crítica, criticismo… A esfera semântica da criticidade infiltrou-se na prática e no discurso do design a ponto de, pelo menos nos círculos culturais do campo, “ser crítico” se ter tornado uma virtude indiscutível e mesmo expectável. Mas o que é que isto significa realmente? Nesta breve apresentação, Silvio Lorusso tentará explicar o que é a criticidade, através do que ela faz. Serão o pensador crítico e o designer crítico a mesma pessoa? Que propósito cumpre efectivamente a disposição crítica? Pode a criticidade ser considerada uma forma estética?
Who Can Afford To Be Critical?
Workshop por Afonso Matos
https://afonsodematos.com
(para alunos de Design de Comunicação)
O ensino e prática do design têm vindo a sofrer um conjunto de ‘movimentos tectónicos’ que pretendem fazer aflorar questões políticas, sociais e ambientais outrora descuradas pela disciplina. Estas mudanças (que cabem dentro da ideia guarda-chuva do ‘critical design’ ou ‘design crítico’) visam responsabilizar o designer e torná-lo consciente do seu papel na construção ativa da realidade. O jovem designer, quando recebe uma educação em linha com estas preocupações, cria uma imagem da sua importância enquanto futuro profissional e vislumbra o leque de ação daquilo que o design pode fazer para mudar as condições em que vivemos atualmente. As expetativas são elevadas e as esperanças também!
Mas, e aquilo que o design não pode fazer? E quando o designer se vê preso a uma condição laboral que faz dele mero executante, com margens apertadas para exercer algum tipo de influência através do seu ofício? Quando se depende de um cliente ou patrão para pagar as contas ao fim do mês, quem é o verdadeiro desenhador de uma certa realidade? O designer, ou quem lhe paga?
Serão o poder do design (enquanto sistema que nos envolve) e o poder do designer (enquanto indivíduo, trabalhador) duas ideias permutáveis com o mesmo significado, ou será que é na tensão entre essas duas escalas que encontramos os limites do ‘critical design’?
Com o workshop-debate Who Can Afford To Be Critical?, partimos de uma série de interrogações sobre os limites que o trabalho, classe social e condições financeiras exercem sobre uma prática crítica do design, com o objetivo de mapear o ecossistema de poder que rodeia o designer e o envolve em relações várias com outros agentes. Sem procurar respostas fáceis, exploraremos as nuances acinzentadas que ocupam o espaço entre um niilismo ‘doomer’ e um positivismo cego face à agência que o designer pode ter sobre o mundo em seu redor.