Clara Menéres (1943-2018)
Clara Menéres
No Porto estudou escultura na Escola Superior de Belas Artes, onde foi discípula dos mestres Barata Feyo, Lagoa Henriques, Heitor Cramez e Júlio Resende. Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian de 1978 a 1981, em Paris, doutorou-se em Etnologia pela Universidade Paris VII. Foi ainda Research Fellow do Center for Advanced Visual Studies do MIT (Massachusetts Institute of Technology, Estados Unidos,) entre finais dos anos oitenta e início dos anos 90.
Iniciou a atividade pedagógica na Escola Superior de Belas Artes do Porto; entre 1971 e 1996 foi professora na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (atual Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa), onde exerceu o cargo de Presidente do Conselho Diretivo de 1993 a 1996; foi Professora Associada e, depois, Professora Catedrática na Universidade de Évora, onde lecionou de 1996 a 2007.
Participou em inúmeras mostras coletivas, nomeadamente: Exposição 73 (Lisboa, Sociedade Nacional de Belas Artes, 1973), onde apresentou Jaz Morto e Arrefece, uma representação escultórica realista de um soldado morto com a farda da guerra colonial, inspirada no poema O Menino de Sua Mãe de Fernando Pessoa; Alternativa Zero (Lisboa, Galeria Nacional de Arte Moderna, 1977), onde apresentou Mulher-Terra-Vida, uma obra poderosamente simbólica conotada com a Land Art; XIV Bienal de São Paulo (Brasil, 1977); Anos 60, Anos de Rutura: uma Perspetiva da Arte Portuguesa nos Anos Sessenta, inserida na programação de Lisboa 94, Capital Europeia da Cultura (Lisboa, Palácio Galveias, 1994).
Os temas dominante da sua obra escultórica são os mitos fundadores, e cultos solares, aquáticos, e essencialmente de fecundidade, bem evidente em obras como Papisa ou Coincidentia Oppositorum (1983), dos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, Relicário, Fogo Fátuo III ou Igniculli Terra Emicantes (1987) e Alba Navis (1987). Outros temas são a alegoria da morte (Os Amantes ou Restos Arqueológicos de uma viagem para a morte com o qual alcançou o Prémio de Escultura da IV Bienal Internacional de Vila Nova de Cerveira); a intervenção cívica (apresentou Jaz morto e arrefece o menino de sua mãe na SNBA, em 1973, e no pós 25 de Abril integrou o Grupo ACRE, com Queiroz Ribeiro e Lima de Carvalho); as reflexões científicas e filosóficas (exposição “Da terra à Luz ou a Coincidentia Oppositorum entre Nicolua de Cusa e Max Planck”) e as temáticas bíblicas.
A artista e professora dedicou-se também à investigação artística e à participação na vida cultural e política do país. Recentemente, fez parte da I Conferência sobre A representação do Sagrado no Mundo da Imagem, associou-se ao Programa Cultural do Congresso Feminista 2008, no qual esteve patente o painel fotográfico Clara Meneres. Escultura. Obra retrospetiva entre os anos 1968-1980, era membro efetivo do MIC (Movimento de Intervenção e Cidadania), formalmente instituído em 2006, e em 2009 candidatou-se às Eleições Europeias pelo MPT (Partido da Terra) e à Assembleia da República pela coligação Frente Ecologia e Humanismo.
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11 maio, 17h30 – Câmara Ardente na Capela nº 1 da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, Av. de Berna, em Lisboa
19h15 – Missa na Capela
12 maio, 9h00 – Missa de Corpo Presente na Igreja de Nossa Senhora de Fátima
Seguirá depois para Santo Estevão de Barrosas, Lousada, Minho