cem vezes uma árvore — exposição de joão paulo queiroz
11 FEVEREIRO > 07 MARÇO I GALERIA BELAS-ARTES
Galeria da Faculdade de Belas-Artes, ULisboa
11 de fevereiro a 7 de março de 2017
Horário: 2ª a 6ª: 11h00 / 19h00; sáb.: 11h00 / 13h00 e 14h00 / 17h00
(excepto pausa de carnaval, dias 27 a 28 fevereiro)
Cem vezes uma árvore
Ao longo dos últimos anos, desde 2005, tenho vindo a pintar no mesmo local, nos Valinhos (Aljustrel, Fátima). Ano após ano, trabalhando no terreno, olhando a paisagem, as árvores. Em cada ano fiz uma série de cerca de 50 a 100 trabalhos, pinturas a pastel de óleo. Durante este tempo, envelheci um pouco, assim como as árvores e as pedras que são já minhas conhecidas. No topo da folha, assinalei, como costumo fazer, a data do dia em que faço o trabalho, em três grupos de algarismos, que significam o dia, o mês, e o ano. Para saber qual a ordem com que fiz os trabalhos em cada dia, distingo-os com a letra “a”, “b”, “c”, “d” e assim por diante.
Em 2016 pintei a mesma árvore, ao longo do dia, e durante mais de um mês. Assim construi esta série de 112 pinturas da mesma árvore, vistas do mesmo local, aqui apresentadas.
João Paulo Queiroz
Acalmar a natureza inquieta do lugar
(…) A metodologia de João Paulo Queiroz, baseada na observação repetida de um mesmo lugar num mês de Verão, na dificuldade que essa escolha temporal apresenta para o domínio da técnica (os pastéis de óleo, que derretem; o corpo que fica exposto ao calor ao longo dos dias de Verão), traduz-se num aparente afastamento da estética do Sublime. A busca paulatina, ao longo de doze anos, pela melhor e mais fiel representação das oliveiras, das azinheiras, dos sobreiros, das pedras de calcário, está tão ligada ao desejo de aproximação e entendimento da dureza da natureza quanto à busca pela identificação por parte dos segundos observadores (nós).
Com esta metodologia, João Paulo Queiroz aponta para uma nova forma de expressão visual. Nas várias séries que compõem os desenhos, a experiência de fascínio é conseguida ora por uma sensação de aproximação aos detalhes daquilo que nos é mais próximo – o chão e o que conseguimos tocar das árvores representados em cada tonalidade da folhagem, da terra e das pedras (nas primeiras séries) – ora por uma sensação de afastamento daquilo que nos escapa, física e conceptualmente – o céu imenso, nublado ou limpo (nas últimas séries). (…)
Luísa Santos
João Paulo Queiroz (Portugal). Curso de Pintura, Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Mestre em Comunicação, ISCTE. Doutor em Belas-Artes, Universidade de Lisboa. Coordenador do Congresso Internacional CSO. Diversas exposições individuais de pintura. Prémio de Pintura Gustavo Cordeiro Ramos pela Academia Nacional de Belas-Artes, 2004.