Exposição ARTLAB – Protocolo Simbólico / CONFERÊNCIAS DA PRIMAVERA – TAPEÇARIA CONTEMPORÂNEA
EXPOSIÇÃO – 12 > 29 MAIO I GALERIA FBAUL I CONFERÊNCIAS – 14, 21 E 28 MAIO I SALA 3.31 FBAUL I ENTRADA LIVRE
ARTLAB – Protocolo Simbólico
Tapeçaria Contemporânea.
A presente exposição, na Galeria de Exposições Temporárias da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, dá continuidade à mostra ArtLab – Protocolo Experimental (2014-2015), realizada no Museu de Tapeçaria de Portalegre Guy Fino, consolidando a estratégia de divulgação assumida na última década pela unidade curricular de Tapeçaria, da licenciatura de Pintura, que passa por «dar corpo» aos projectos de alunos e professores. Durante o período da exposição vão realizar-se as Conferências da Primavera – Tapeçaria Contemporânea, que visam fundar um espaço de reflexão sobre a problemática da Tapeçaria Contemporânea, a Textil Art e a Fiber Arte, nas suas dimensões artística, sociológica, antropológica e tecnológica.
É neste contexto que se realizaram as exposições ArteLab 21 (2010) ArteLab Futuro (2011) no referido Museu de Tapeçaria, com o envolvimento da Presidente da Câmara Municipal de Portalegre, Doutora Maria Adelaide Teixeira e a Directora do Museu, Dr.ª Paula Fernandes e as exposições ArteLab – Next Vision (2012) e ArLab – Módulo/Pardrão Têxtil (2014), Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, graças à colaboração do seu Director, Doutor António dos Santos Pereira e da Dr.ª Helena Correia. Estes eventos estão associados a um novo conceito (ArtLab – Arte+Laboratório), através do qual a unidade curricular de Tapeçaria, implementa a prática de laboratório artístico experimental, constituindo as aulas um «lugar» onde se redefinem metodologias criativas e exploram até ao limite os materiais e matérias provenientes das áreas como a Fiber Art e a Textil Art, passíveis de se conectarem com a Tapeçaria Contemporânea e simultaneamente estimulando uma atitude multidisciplinar que relacione áreas aparentemente distantes, potenciando valores plásticos, estéticos, novas interacções e significações.
«ArtLab – Protocolo Simbólico» torna visível, na materialidade das obras agora presentes, a imaterialidade das ideias que se transmitiram, as aventuras especulativas, as sistematizações, as metodologias projectuais artísticas, as arquitecturas modernistas em tensão permanente com visões cada vez mais holísticas, as imagens poéticas sem as quais não existe pedagogia e também as nostalgias provocadas pela ausência-presença de professores como Rocha de Sousa e Manuela de Sousa. Os actuais professores Hugo Ferrão e Ana Sousa, sua assistente, têm sido capazes de transmitir o legado da Tapeçaria Contemporânea e tiveram o privilégio de se cruzar com artistas como Conceição Salgado, Rafaela Zúquete, Teresa Calado, Helena Estanqueiro, Altina Martins, Alves Dias, Orenzio Santi, Gisella Santi, Ana Gonçalves, Maria João Gamito, Sónia Aniceto, Soraya Vasconcelos, Ana Tecedeiro, Ana Rito, Teresa Matos Pereira e Miriam Loellmann, entre muitos outros que subtilmente instauram a dimensão da Tapeçaria como territorialidade de existência.
As obras destes jovens autores sinalizam a diversidade de propostas e a individualização de discursos artísticos emergentes nas aulas de Tapeçaria. São testemunhas da esperança humanizante provocadora da significação da própria existência, num tempo civilizacional em que o fetichismo tecnológico é esmagador. Estas «esculturas da alma» adquiriram a forma de Tapeçarias Contemporâneas. Saibamos nós sentir toda a carga simbólica que emana delas e frui-las serenamente enquanto deambulamos pelo espaço da exposição.
Hugo Ferrão
Regente da unidade curricular de Tapeçaria – Licenciatura de Pintura
Director da Área de PIntura
CIEBA – Centro de Investigação e Estudos em Belas-Artes.
Casa da Fonte, Amieira do Tejo – Abril 2015
CONFERÊNCIAS DA PRIMAVERA – TAPEÇARIA CONTEMPORÂNEA
As conferências são abertas a toda a comunidade da Universidade de Lisboa e ao público em geral, visando fundar um espaço de reflexão sobre a problemática da Tapeçaria Contemporânea, a Textil Art e a Fiber Arte, nas suas dimensões artística, sociológica, antropológica e tecnológica.
CALENDÁRIO:
Tapetes de Guerra – contaminações
Autora: Dora Iva
14 de Maio, 11h00
Sala 3.31 (1º piso)
1. Do envolvente para a obra – contaminações: O contacto dos povos do Médio Oriente com os navegantes portugueses que acostaram aos portos do nordeste da Pérsia, desde o século XV até princípio de XVIII, reflectiu-se naturalmente na sua cultura e iconografia, influenciando os motivos dos tapetes aí tecidos, referenciados internacionalmente como Tapetes Portugueses.
2. Matéria-prima do pensamento criativo ou catarse? Também hoje, nessa mesma zona do mundo, se encontra refletida na tecelagem tradicional nos recentemente designados Tapetes de Guerra, reafirmando uma permeabilidade semelhante da iconografia criada, quando os artesãos que os produzem são expostos a fortes e incomuns vivências.
3. Arte têxtil e sustentabilidade: A assimilação constante da cultura coeva, também é revitalizada na arte contemporânea do Médio Oriente. São muitos os autores que desenvolvem trabalho artístico tendo como referente o tapete e a tecelagem tradicional. Falamos de algumas obras de Nazgol Ansarinia (1979), Zakaria Farhad Moshiri (1963).
Maria Flávia de Monsaraz: “A Tapeçaria foi uma coisa que o Céu me deu…”
Autora: Ana Maria Gonçalves
21 de Maio, 11h00
Sala 3.31 (1º piso)
Conferência dedicada a Maria Flávia de Monsaraz (1935) – a escultora portuguesa que nasceu em Espanha. Autora cujas origens familiares remontam à aristocracia portuguesa, o seu pai, politico e poeta era o 2.º Conde de Monsaraz (1889-1959) que direccionou a filha para as Belas Artes. Ao longo de cinco anos (1953-1959), Maria Flávia foi aluna da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde frequentou e concluiu o Curso Especial e o Curso Superior de Escultura.
Considerada uma escultora prometedora, Maria Flávia julgava que à escultura faltava cor e foi para Paris (1964) fazer um Curso de Artes Decorativas. Poucos anos depois (1969), a artista estava em Portugal e tinha trocado a escultura pela arte mural, nesse processo escolheu a tapeçaria para se expressar. Durante dezasseis anos (1969-1985), a tapeceira dedicou-se, integralmente, à Tapeçaria Contemporânea – criando, executando e ensinando. Criar, executar e ensinar tapeçaria, levaram Maria Flávia a tomar parte do clima revolucionário pós 25 de Abril (1974) através do associativismo feminino porque, junto com Gisella Santi (1922-2006) deu origem à ARA – Cooperativa Portuguesa de Tapeçarias (1975).
Centro de Interpretação – Museu do Linho e o legado artístico da Cooperativa Grupo de Tecelagem de Limões
Autor: Hugo Ferrão
28 de Maio, 11h00
Sala: 3.31 (1º Piso)
O significado e importância da criação do Centro de Interpretação – Museu do Linho em 2014, na freguesia de Limões, concelho de Ribeira de Pena como instituição que preserva e sistematiza memórias, rituais e simbolismos da arte tradicional de tecer manualmente o linho. Fundação da Cooperativa Grupo de Tecelagem de Limões (1986), como um projecto elaborado na unidade curricular de Tapeçaria e a problemática da educação de adultos em Portugal. A aplicabilidade da investigação universitária das Belas-Artes da Universidade de Lisboa ao serviço da comunidade como motor de desenvolvimento gerador de humanização através de melhores condições de existência. A matriz arquetípica do acto de tecer. O ciclo do linho portador de rituais e simbolismos ancestrais transmitidos por cadeias de Mestras até ao presente. O tecido de linho como segunda pele e as múltiplas formas protectoras do corpo. Espaços-oficinas de tecelagem como territorialidade instauradora da dimensão transcendente da obra-técnica que se transmuta em comunicação e comunhão com o sagrado. O legado das narrativas mitodológicas do acto do tecer. A imagética da celebração e festividade do ciclo do linho protagonizadas pela Cooperativa do Grupo de Tecelagem de Limões.