ARQUIPÉLAGO — Exposição de Oto Hudec
23 MAIO > 6 JUNHO I OFICINAS DO CONVENTO, MONTEMOR-O-NOVO
Exposição de Oto Hudec, doutorando da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, com a participação de jovens dos bairros Cova da Moura, Fim do Mundo e 6 de Maio e das oleiras de Tras di Munti, Cabo Verde.
O projecto artístico ARQUIPÉLAGO que teve início em 2014, interligou sítios aparentemente diferentes: região rural de Trás di Munti na Ilha de Santiago em Cabo Verde e os bairros dos imigrantes caboverdianos em Lisboa.
Na aldeia de Trás di Munti vive-se em harmonia com a natureza, entre os montes num planalto de onde se avista o mar, os habitantes vivem uma vida ancorada nas tradições, dependentes da cultura da terra, da chuva e do mar.
Os habitantes dos bairros suburbanos da região de Lisboa, como o da Cova da Moura, do Fim do Mundo, ou de Santa Filomena, vivem a realidade suburbana, com trabalho precário ou desemprego e em alguns casos, enfrentando o perigo de perderem a sua casa, por causa de decisões da câmara municipal motivados pelos interesses dos privados. Estes sítios estão ligados pela imigração: uma vida em transito, contínuo, impulsionado pelo sonho de ter uma vida melhor.
Através das obras, escultura, vídeo documental e os desenhos, apresentados na exposição realizada nas Oficinas do Convento em Montemor-o-Novo, mostram-se as realidades destes sítios. As obras artísticas são muitas vezes realizadas com a participação dos jovens ou no caso da aldeia Trás di Munti com a participação das oleiras.
A peça principal desta exposição é a escultura da tartaruga com cerca de 2,5m de comprimento e que será pendurada do teto. A tartaruga é um símbolo de Cabo Verde, mas também uma representação da vida do imigrante, que viaja grandes distâncias entre as ilhas de origem e o continente europeu em países onde procura o sustento da sua família. Sobre a carapaça da tartaruga serão fixados representações/modelos das casas, feitos em cerâmica pelos jovens destes bairros. A peça será coberta com pó de barro vermelho, para ser raspado inscrevendo depois estes jovens fragmentos da sua poesia, urbana, crua e por vezes abstracta.
A segunda parte da exposição são os vídeos documentais que apresentam várias actividades participativas desenvolvidas em Lisboa e em Cabo Verde, nomeadamente as peças cerâmicas feitas em Trás di Munti: pratos feitos por oleiras, com as pinturas das mãos delas e o documentário da realização dos murais na casa de Isabel, uma das oleiras que ainda produz as suas peças no modo tradicional. Estes filmes, mais do que relatório dum trabalho artístico são retrato da vida rural em Cabo Verde, uma homenagem ao trabalho manual das mulheres nesta aldeia.