Um Peixe Fora d’Água — Ciclo dos Artistas Finalistas do Mestrado Arte e Multimédia
6 > 29 SETEMBRO | GALERIA BELAS-ARTES
No dia 6 de setembro, pelas 18h30, inaugura na Galeria da Faculdade de Belas-Artes, a primeira exposição do ciclo dos Artistas Finalistas do Mestrado em Arte Multimédia.
Esta exposição integra a programação da 9ª edição do Bairro das Artes — a Rentrée Cultural da Sétima Colina de Lisboa, que se realiza no dia 20 de setembro, entre as 18h00 e as 22h00 com a visita dos 38 espaços de arte contemporânea que integram este projeto.
Este ciclo é composto por 4 exposições com diferentes artistas, de acordo com as datas abaixo indicadas.
Coordenação e curadoria
João Paulo Queiroz
“Sentir-se como um peixe fora de água” é uma expressão banal mas que tão bem se acomoda na mente criativa. Os artistas são, e sempre foram, aqueles que arriscam colocar as suas guelras fora de água circulando o mundo contra a maré.
Após a conclusão dos estudos, Cláudia Peres, Cunha Pimentel, Fábio Colaço, Joana Pitta, Lena Wan, Luís Soares, Mariana Rosa, Maria Leonardo, Miguel Rodrigues, Rogério Paulo da Silva e Sinem Tas reúnem-se novamente com os projectos desenvolvidos ao longo do Mestrado Mestrado Arte e Multimédia, 2015/17. A exposição é um ciclo de quatro mostras, em que cada semana corresponde a uma distinta exibição contando com a participação três artistas.
Na primeira semana apresentamos Lena Wan, Rogério Paulo da Silva, e Cunha Pimentel que trabalham sobre o medium fotográfico: a imagem parada e em movimento; a fotografia como objeto da memória e, como forma de expressão lírica.
Na segunda seguinte, Fábio Colaço, Maria Leonardo e Cláudia Peres trabalham sobre os conceitos de memória, ficção e apropriação; Na terceira semana, Joana Pitta, Miguel Rodrigues e Maria Leonardo trabalham a fotografia e o vídeo como matéria escultórica. Por fim, assistimos à exposição de Sinem Tas, uma contadora de histórias vinda da Turquia; e de Mariana Rosa e Luís Soares que exibem trabalhos com a técnica coincidente do desenho digital.
1ª exposição – 6 -8 Setembro, 18h30 inauguração
Lena Wan
Rogério Silva
Cunha Pimentel
2ª exposição – 12- 15 Setembro , 18h30 inauguração
Joana Pitta
Miguel Novais Rodrigues
Maria Leonardo
3ª exposição – 19-22 Setembro, 18h30 inauguração
Fábio Colaço
Maria Leonardo
Cláudia Peres
4ª exposição – 25-29 Setembro, 18h30 inauguração
Mariana
Luís Soares
Sinem Tas
horário |schedule
2ª a sáb › 11h–19h
monday to saturday › 11am to 7pm
No lago dos peixes vermelhos, à sombra quente de uma estátua
Rente ao chão, acontecem coisas. Os pés descalços podem senti-las, os dedos podem tocá-las. Podem ser ruídos, folhas que nascem, verduras, migalhas, aragens, formigas, poeiras. Sobre os pés descalços, as pernas, os ossos, o sangue, a trepidação quente de um corpo vivo. Mais acima, há mãos inquietas, e mais ao alto, respiração, olhos atentos, brilhantes, ouvidos, e os cabelos bonitos. No meio deles, pensamentos, ideias, lembranças, perguntas e desejos. Contam uma história cheia de seres e de quereres, de recordações e de viveres. E ainda mais alto, um ar e um céu, a humidade da nuvem, a distância.
Em contato, a areia nos pés, o mar liso que vem e veste de espuma fria a pele brilhante. Uma aragem, e depressa um passo, equilíbrio. Um riso, e tudo passa.
A pergunta lança-se sobre o branco. Como contar uma coisa nova? Coisas que estavam aqui, perto de ti, não reparaste? Assim posso contar: uma rapariga de olhos fechados, com graça, diz Cunha Pimentel. O Rogério Silva toca-nos com cuidado, mostra o momento pensado, recorda a lembrança. Imagens que moram, tépidas. E a Lena Wan, a meio de uma viagem, paragem no fim de Portugal, onde acaba a Europa para quem vê de lá. A ver o começo da saudade.
Como mostrar uma ideia nova? Coisas que hão-de vir, não sabias? Uma ideia grande, a flutuar, mostra Fábio Colaço. Uma possibilidade que só eu percebi, no fundo das letras antigas, das tintas de linótipo, diz a Maria Leonardo. A cápsula do tempo, a antiga gravação, o pequeno homem, apresenta Cláudia Peres, de modo nítido.
Lá fora, o mundo brilha, aquecido. Olha-se cá de longe, no meio do tempo e do sítio, como recorta em Lisboa Miguel Novais Rodrigues. Mergulha-se a fundo na superfície muda da fita de um vídeo, olha aqui, substâncias, explica Joana Pitta. De Maria Leonardo, os cristais do novo mundo, o infinito.
No contracampo estou eu que olho, que oiço, e que te digo, diz Luís Soares, com um olhar mudo. Olhando na água, vendo quem sou, esquecendo o mundo, conhecendo, o desconhecido, conta Mariana Rosa. Sinem Tas, propondo novas ligações, no olhar do outro, no teu olhar.
Tudo junto, pensar a escrita, imaginar a imagem, transgredir a repetição. A Estátua já foi viva no seu tempo melancólico, e exibe agora a sua casca de memória, o resto de uma sombra quente. É bom lembrar.
João Paulo Queiroz
Este evento é passível de ser registado e posteriormente divulgado nos meios de comunicação da instituição através de fotografia e vídeo.