faleceu gil teixeira lopes
A Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa lamenta profundamente a morte do Professor Gil Teixeira Lopes (Mirandela 1936, Lisboa 2022) que nos deixou hoje dia 10 de novembro de 2022.
“um professor de artes plásticas tem de basear-se numa prática real”[1]
Gil Teixeira Lopes, 1936-2022
Gil Teixeira Lopes produziu extensa obra em pintura, gravura e escultura e do seu percurso constam centenas de exposições individuais e coletivas em Portugal e no estrangeiro. Somou mais de 30 prémios e distinções (por exemplo Bienal de Florença de 1970 e 1972, Bienal de Cracóvia de 1971, Bienal de Seoul 1972, Bienal de S. Paulo 1973, Bienal da Noruega 1972, 1984 e 1986, Bienal do México 1980, etc.), sendo, aliás, na área de gravura que mais de distinguiu internacionalmente. Há obra sua integrada em coleções do mundo inteiro, podendo referir-se, a título de exemplo, a Biblioteca Nacional de Paris, o Museu do Vaticano, o Museu de Bronx-New York, a Biblioteca do Congresso em Washington, o Museu de Arte Moderna de Seoul, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, além da Fundação Calouste Gulbenkian e Secretaria de Estado da Cultura em Portugal, entre muitas outras instituições.
Gil Teixeira Lopes foi condecorado em 1987 pela Presidência da República com a comenda da Ordem do Infante D. Henrique pelo seu mérito internacional.
Natural de Mirandela, sempre se mostrou grato à Casa Pia de Lisboa pela aprendizagem artística inicial que ali levou a cabo antes dos estudos em Belas Artes.
Entre nós, Gil Teixeira Lopes foi Professor Catedrático de Pintura, lecionando na ESBAL/FBAUL de 1960 até 1995 e passando por diversos cargos de gestão. Com papel decisivo na consolidação da área de gravura como conjunto aberto de meios, dirigiu um núcleo de investigação precursora no Centro Nacional de Calcografia e Gravura, sediado na ESBAL. Foi também membro interveniente da Gravura (Cooperativa dos Gravadores Portugueses), da SNBA e da Academia Nacional de Belas Artes, integrando ainda inúmeros júris e painéis internacionais no nosso país e no estrangeiro.
Professor empenhado, exigente e, para muitos, polémico, enfatizava a importância do trabalho disciplinado, perseverante e experimentalista na fundamentação dos discursos artísticos consequentes.
Tempus fugit, é certo.
Ninguém escapa a essa lei. No caso deste nosso antigo professor, ficam a memória e a obra, bem como o imenso respeito por uma carreira de grande dignidade e coerência, cujo exemplo não esquecemos.
Obrigada, mestre.
À família e aos amigos, as nossas profundas condolências.
[1] Gil Teixeira Lopes, em entrevista a Rocha de Sousa. Gil Teixeira Lopes, Retrospectiva de Gravura. Lisboa: Edição do Montepio Geral, 2002.
Isabel Sabino