apresentação do livro “Elogio da poiesis — Reflexões teóricas para a prática da investigação em artes”
03 MARÇO 2023 > 10H00 I AUDITÓRIO LAGOA HENRIQUES
Realiza-se no próximo dia 3 de Março, às 10h00, no auditório Lagoa Henriques a apresentação do livro “Elogio da poiesis — Reflexões teóricas para a prática da investigação em artes”, de Fernando Rosa Dias, com a presença do autor e a participação especial de António Quadros Ferreira por zoom.
O livro já está disponível no repositório da Universidade de Lisboa em https://repositorio.ul.pt/handle/10451/56357.
Este estudo, que revê e reformula vários textos de uma linha editorial sobre a investigação em artes que acompanhamos durante uma década, procura problematizar o actual problema da investigação em artes, na sua relação com o horizonte histórico das artes e dos discursos sobre elas, tal como da criação artística, atravessando questões metodológicas, epistemológicas, hermenêuticas, entre outras.
(…)
Sublinhando a caminhada processual do método encontramos um modo de conhecimento ligado a uma produção poiética sensível, onde o erro, o acidente ou a deriva são modos privilegiados de acerto e encontro com uma nova sugestão de ideia artística com disponibilidade argumentativa e altercadora. Com todas estas premissas atrás trabalhadas procurámos entender (e propor) os mecanismos de emergência conceitual e o seu desdobramento no campo da argumentação teórica ‒ e, por isso, a sua possibilidade de conhecimento e discussão [defendida na parte II.4.4.]. Por isso, o nosso esforço de reflexão escora uma investigação em artes desenvolvida no interior da poiesis, da qual se desenreda a necessidade de um novo argumento do artista para arrostar outras razões da sua poiética.
Das posições deste trabalho, ou das mais determinantes teses que o orientam, destacamos:
1) Que não há investigação em artes sem produção artística (poiesis), tal como sem reflexão teórica (logos) sobre essa prática.
2) Que a investigação em artes traduz novos modos de articulação entre o discurso e a arte com parâmetros inéditos ao longo da história cultural das artes.
3) Que a investigação em artes deve assentar numa poiesis aberta em termos experimentais, não limitada à concepção de uma obra definitiva e certa (que se torna parte de uma poiética mais alargada), muito menos perfeita, privilegiando o caminho do processo poiético enquanto lugar de interrogações e descobertas, fazendo assim do atelier e do ensaio os seus modos.
4) Que esta poiesis deve considerar-se expandida, interminável e experimental. Poiesis expandida, integrando e problematizando os meios técnicos, institucionais, sociais, teóricos, históricos, etc., da arte-sistema, conjugando os vários modos e campos das artes no interior de um fazer (poiesis) e de um pensar (logos) artísticos como modos processuais articulados. Poiesis interminável agindo para além da mera produção de uma obra final e definitiva que se apresente como um telos da poiética, fazendo assim de qualquer produção algo tão determinantes como qualquer esboço ou estudo; Poiesis experimental actuando numa noção de ateliê como laboratório de experimentação e de partilha de vários problemas artísticos e afins.
5) Que há um lugar da investigação em artes tanto no interior do mundo das artes como da Universidade, no modo como transporta inquietações e contributos próprios às noções de verdade, conhecimento, saber, cultura, experiência, etc., considerando que estas não são dimensões redutíveis nem exclusivas às ciências tradicionais.