En las afueras del paraíso. El deseo
18 > 30 JANEIRO 2024 I CORREDOR AUDITÓRIO LAGOA HENRIQUES
Inaugura no dia 18 de janeiro, às 18h00, no corredor do Auditório Lagoa Henriques a exposição En las afueras del paraíso. El deseo de Sheila Cañestro, com coordenação de Isabel Sabino e Diana Costa. A exposição ficará patente até 30 de janeiro.
Este evento é passível de ser fotografado e filmado e posteriormente divulgado publicamente.
En las afueras del paraíso. El deseo é uma exposição individual de Sheila Cañestro e complementa outra exposição individual intitulada En las afueras del paraíso. El camino, agendada para 16 de janeiro de 2024 no Espaço Cultural Mercês. Ambas exposições são o resultado da sua estadia de investigação pós-doutoral no CIEBA-FBAUL, financiada pela União Europeia – NextGenerationEu no âmbito das Bolsas Margarita Salas do Ministério das Universidades, Governo de Espanha, para a formação de jovens doutores. É importante destacar que o projeto pictórico apresentado nessas exposições foi desenvolvido durante sua residência artística na Duplex AIR.
Desde o início da sua formação como pintora, Sheila Cañestro tem-se sentido atraída pela criação de uma linguagem pictórica figurativa que gira em torno do conceito de inquietante estranheza: uma experiência que, segundo Sigmund Freud, se manifesta quando, em determinado momento, tudo o que era considerado intimamente familiar e conhecido passa a significar e ser percebido como o oposto: o desconhecido, o estranho, o inóspito e até o aterrorizante. O interesse da artista por este conceito é consequência da falta de identificação com um mundo que se torna cada vez mais incerto e ameaçador.
Neste contexto, apresentamos o projeto En las afueras del paraíso, composto por uma série de pinturas que representam ambientes naturais que aludem à nossa própria fragilidade e vulnerabilidade como seres humanos.
O ponto de partida deste projeto é o texto La penúltima bondad (2018) de Josep Maria Esquirol, no qual o autor reflete sobre a nossa condição perante a intempérie, o deserto e a periferia. Segundo Esquirol, os ser humanos vivem “na periferia do paraíso impossível” (1): Periferias que não têm nenhum centro e onde as fronteiras entre “a génese e a degeneração, a vida e a morte, o humano e o desumano, a proximidade e a indiferença” são muito instáveis (2).
No encontro com a obra plástica, estas questões são abordadas por meio de cenas envoltas numa atmosfera tenebrosa e misteriosa, onde encontramos pontes, caminhos, refúgios, árvores ou oferendas votivas. Assim, Cañestro procura direcionar o espectador para a experiência de se sentir vivendo na periferia, na intempérie, onde “não há plenitude nem perfeição. Mas sim afecção infinita – mistério – e desejo” (3).
Quanto aos aspectos formais, as pinturas são elaboradas pela sobreposição de camadas de tinta e uma modulação meticulosa da luz em ambientes predominantemente monocromáticos. A ambiguidade é fundamental nestas obras e surge do jogo entre o que se vê e o que não pode ser visto, assim como entre figuração e abstração, realidade e ficção, luz e sombra.
Portanto, trata-se de uma proposta que reivindica a manualidade e o ofício como forma de sugerir uma narrativa densa que se apoia nos aspectos sensuais da matéria e que convida o espectador a reconciliar-se com a sua própria corporalidade e vulnerabilidade.
(1) Josep Maria Esquirol, La penúltima bondad. Ensayo sobre la vida humana (Barcelona: Acantilado: 2018), p. 7.
(2) Ibíd.
(3) Ibíd.
Sheila Cañestro é doutora em Belas Artes pela Universidade de Málaga (Espanha). Ao longo da sua trajetória, ela recebeu bolsas e residências de produção que permitiram o desenvolvimento de sua atividade artística e de investigação, destacando-se: a bolsa da Fundación Viana (Cajasur – Diputación de Córdoba), na Fundação BilbaoArte (2015); III Bolsa ARP da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Málaga (2015-2016); e a residência de produção na Fundação Antonio Gala para Jovens Criadores, em Córdoba (2017-2018). Em 2014, recebeu o Primeiro Prêmio de Aquisição no “VIII Prêmio de Pintura” da Universidade de Málaga. O seu trabalho foi exibido em exposições colectivas na Espanha, em cidades como Málaga, Madrid, Córdoba, Ourense e Salamanca. Internacionalmente, participou em exposições colectivas em Kolkata (Índia) e Lisboa, (Portugal). A sua obra faz parte das coleções públicas da Universidade de Málaga e da Fundação Antonio Gala.