à superfície 2023 — exposição de alunos de escultura da faculdade de belas-artes da universidade de lisboa
25 MARÇO > 06 MAIO 2023 I GALERIA MUNICIPAL VIEIRA DA SILVA, LOURES
Inaugura no dia 25 de março, pelas 18h00, na Sala Multiusus da Galeria Municipal Vieira da Silva, em Loures a exposição À Superfície de alunos de escultura da Faculdade de Belas-artes da Universidade de Lisboa, juntamente com uma outra exposição O Lugar do Desenho da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa. A exposição ficará patente até 6 de maio de 2023.
Horário: 3ª a dom. – 10h/13h; 14h/18h
A exposição À Superfície, 2023, constitui-se a partir da reunião de um conjunto de trabalhos realizados em ambiente académico, centrados numa temática comum: a aldeia mineira do Lousal. A experiência imersiva num lugar desconhecido, constitui-se como um factor de produtividade, de especulação e criação. Os alunos a partir da experiência do lugar, desenvolveram a partir das suas inquietações e das suas poéticas, um conjunto de trabalhos que, no seu conjunto são uma interpretação viva, e entusiasmante sobre uma realidade que desconheciam.
A aldeia mineira do Lousal, no concelho de Grândola, tem o seu passado ligado a extracção da pirite para a indústria química durante o século XX. Com o fecho da mina no final do século passado, o Lousal foi-se transformando num lugar onde a memória do passado e uma descrença no futuro são a imagem urbana do presente. A aldeia que foi construída ao longo do século XX, como um aparato industrial à imagem dos planos urbanísticos e das políticas assistencialistas implementados no Estado Novo, e foi sendo ocupada por famílias mineiras migrantes, que em sucessivas gerações se fixaram e trabalharam na aldeia.
O trabalho dos alunos partiu do reconhecimento desta história e desta realidade, reflectem a natureza geológica, o trabalho na mina e as relações sociais no território. Numa leitura geral das obras, observa-se como a exploração do forte carácter poético das matérias geológicas das escombreiras da mina — a memória visual do passado congelado na paisagem — se transformam numa “denúncia” da imobilidade da vida dos habitantes e antigos mineiros do Lousal.
Estas obras devem ser lidas como um processo investigativo de artista, pois encontramos nos trabalhos, mais do que uma preocupação sobre o domínio exímio da expressividade dos materiais que dão forma às obras, um olhar sobre os modos como a arte pode ser uma ferramenta de análise, leitura e representação de uma realidade e de uma experiência física e emocional com o território.