Investigação artística e transgressão académica
LIVRO DISPONÍVEL NO REPOSITÓRIO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
O livro Investigação artística e transgressão académica, agora disponível no repositório da Universidade de Lisboa, compreende um conjunto de textos de José Quaresma escritos nos últimos doze anos sobre a peculiaridade da investigação artística, alguns inéditos, outros reeditados. Trata-se de uma edição da FBAUL, versão digital, em acesso aberto, cuja introdução poderá ser consultada AQUI.
“Há cerca de 40 anos que assistimos a um intenso debate sobre as especificidades desta investigação na esfera das artes, com um tráfego categorial inusitado entre domínios muito distintos — embora com afinidades — tais como: criação artística / investigação artística / investigação em artes / investigação sobre artes / investigação através das artes.
Considerando estas tipologias, defendo a investigação artística como aquela que se envolve de forma mais autêntica nos processos criativos, estando plenamente incorporada nos mesmos e fazendo brotar noções artísticas a partir de uma experimentação incessante. Para algumas formas de investigação orientada pela prática artística (apenas algumas, repito) é igualmente defendida a possibilidade radical de descredenciar a palavra, sobretudo quando esta, pretendendo referir-se à expressão artística, se perde no gosto pela sofística, na usurpação e na pseudo-investigação. Para evitar esta circularidade, pugna-se pela produção de “evidência” investigativa através de processos substancialmente derivados da experimentação artística e instalativa, como pode ser observado no primeiro texto do livro. Numa tentativa de aliar a produção poética e a investigação artística, termino esta breve apresentação com Hölderlin e Annette Arlander:
“Temos vergonha da própria fala. Seria preferível transformarmo-nos em sons e unirmo-nos num cântico celestial.”
[Hölderlin, Hipérion ou o eremita da Grécia ]
“If we had waited for philosophers to agree upon a solid ontological and epistemological basis for artistic research, we might not, even now, have begun.”
[Annette Arlander, Artistic Research in a Nordic Context ]
José Quaresma