FBAUL associa-se à Festa da Ilustração, em Setúbal
SETÚBAL I 1 > 30 JUNHO
A Festa da Ilustração de Setúbal, a decorrer até ao final de Junho, inaugurou no dia 1 na Casa da Cultura, com a exposição “Ver ao Longe”, de André Carrilho, com a presença do ilustrador português.
Este evento conta com a participação de algumas escolas de arte. A Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa associou-se a este evento com a participação de doze alunos, e a coordenação do Prof. Pedro Saraiva. São eles Adriana Santos, Ana Amaral, Anna Kurachek, Joana Galego, Joana Mourinho, Joana Simões, Nicoleta Sandulescu, Rita Cepa, Sofia Basílio, Susana André, Tamia Dellinger e Teresa Pessoa.
Beatriz Manteigas, ex-aluna da Faculdade de Belas-Artes, participa da exposição “Arte e Ciência”, patente na Casa d’Avenida, onde faz uma demonstração de que como se ilustra a ciência.
O novo evento, organizado pela Câmara Municipal de Setúbal e pelo atelier DDLX, apresenta, ao longo de diferentes períodos do mês, exposições, encontros com ilustradores e outros eventos associados, como pequenos concertos.
As iniciativas decorrem em vários locais, tanto públicos como privados de todo o concelho, com especial incidência na Baixa da cidade, abrangendo galerias e museus municipais, galerias de arte, bares e lojas, algumas delas devolutas, mas também espaços como os largos da Misericórdia, da Fonte Nova e da Ribeira Velha.
“A ideia é pôr a cidade a viver a ilustração. Em junho, ao se falar de ilustração, vai falar-se necessariamente de Setúbal”, sublinhou Teófilo Duarte, do atelier DDLX, durante a apresentação do certame, realizada ao final da manhã de dia 6, na Casa da Cultura.
O vereador da Cultura da Câmara Municipal, Pedro Pina, salientou que a Festa da Ilustração, além de conferir “mais vida e visitantes à Baixa”, assume-se como uma “expressão de liberdade, em particular num ano em que os acontecimentos trágicos do Charlie Hebdo representaram um atentado à criatividade dos artistas”.
O autarca realçou também o esforço da organização em levar expressões artísticas que divergem dos conceitos de alguns equipamentos culturais autárquicos, como a Galeria Municipal do Banco de Portugal, onde habitualmente está patente uma coleção de obras quinhentistas. “Tentámos nalguns locais criar uma cisão com o habitual, levando novas ideias para também atrair novos públicos que, tradicionalmente, não se deslocam a determinados espaços.”
A estratégia, frisou, reforça os próprios princípios da ilustração, “algo que, por natureza, se quer inquietante. Por isso esta exposição é igualmente inquietante, desafiante, inclusivamente num tempo em que o pensamento, também ele, deve ser desafiado e estimulado”.
Essa irreverência da Festa da Ilustração, acrescentou Pedro Pina, está também presente na própria abertura oficial, prevista para a meia-noite do dia 31 de maio, começando as primeiras horas de 1 de junho e do certame com uma mostra de André Carrilho na Casa da Cultura, com a presença do artista.
Esta exposição apresenta, em estreia absoluta, uma coleção retrospetiva de André Carrilho, um dos mais conceituados ilustradores portugueses e mundiais da atualidade, elemento que contribui, na ótica de Teófilo Duarte, para que esta Festa da Ilustração esteja a partir “de um ano zero, para se perceber as potencialidade e os caminhos a seguir nas próximas edições”.
Trabalhos, alguns deles nunca antes expostos, de Lima de Freitas, e obras, também de difícil acesso, de Maria Keil, são outros dos pontos fortes que vão pontuar o certame, o qual inclui uma mostra de desenhos de Manuel João Vieira subordinados ao tema Bocage.
João Paulo Cotrim, curador do evento, realçou que, em detrimento de um tema transversal à Festa da Ilustração, a organização optou por focar temáticas específicas.
Facto que acaba por enquadrar, assim, segundo o curador, a presença de autores e trabalhos relacionados com Setúbal, casos de Lima de Freitas e das obras de Manuel João Vieira, e a inclusão de outros ilustradores conceituados, nomeadamente Maria Keil, André Carrilho e João Abel Manta, este, “através das referências ao 25 de Abril, capaz de tocar num outro tema que se queria presente, a Liberdade”.
Outra componente capaz de impulsionar e fortalecer a projeção do certame, que, segundo Teófilo Duarte, a seguir este caminho, “arrisca a tornar-se internacional já para o ano”, é a presença de jovens ilustradores e do envolvimento de escolas secundárias, profissionais e superiores, ligadas às belas-artes.
“Este ano zero vai ser bem gordo. Este é um projeto em que depositamos grande confiança porque reúne nomes enormes da ilustração, porque os conjuga com o trabalho de artistas emergentes ou com urgência em se afirmarem como artistas e porque envolve toda a cidade”, sublinhou Pedro Pina.
Para assinalar o início da Festa da Ilustração, a edição de 1 de Junho do Diário de Notícias é totalmente ilustrada por artistas com presença no certame setubalense.